Ancelotti: “Com o que aconteceu em Valência, o futebol é o menos importante”

“Somos parte deste país e tudo isso nos afeta muito. O que ocorreu foi indescritível e terrível”, declarou nosso treinador.

Ancelotti: “Com o que aconteceu em Valência, o futebol é o menos importante”
NOTÍCIARepórter Fotográfico: Helios de la Rubia

Carlo Ancelotti compareceu à sala de imprensa da Cidade Real Madrid para analisar o Real Madrid-Milan, correspondente à quarta rodada da fase de grupos da Liga dos Campeões, que será disputado no Santiago Bernabéu (terça-feira, 21h [17h, horário de Brasília]): “Há uma semana aconteceu a tragédia em Valência. Estamos tristes e muito próximos de todas as cidades afetadas. Esperamos que isso se resolva logo. Nesse sentido, quero que entendam que falar de futebol neste momento é complicado, assim como jogar.”

“Somos parte deste país e tudo isso nos afeta muito. Por respeito a vocês e a todos que estão sofrendo, tentarei fazer uma coletiva de imprensa o mais breve possível, porque não estou a fim de falar de futebol. O jogo de amanhã é especial e gostaria de falar muito sobre isso, mas por respeito tentarei falar o menos possível”.

Preparar um jogo nessas circunstâncias
“É muito difícil, porque você não consegue manter a cabeça no trabalho o tempo todo. Inegavelmente, isso afeta todo mundo. Você ouve e lê sobre o que aconteceu, e é algo indescritível e terrível. Preparamos este jogo porque somos profissionais e vamos tentar jogá-lo e vencê-lo. É o que nos cabe fazer.”

Sobre a realização da rodada da LaLiga
“O mundo do futebol foi bastante claro. Ninguém queria jogar. Me pareceu a decisão correta, mas não somos nós quem manda e temos que respeitar as decisões de quem está acima.”

Profissionalismo
“Não temos muito interesse em falar de futebol porque, comparado ao que aconteceu em Valência, isso não é importante. É nossa profissão e seguimos em frente, mas tudo passa para um segundo plano.”

O futebol tinha que parar
“Existem muitas maneiras de ajudar. O futebol tinha que parar neste fim de semana e ajudar, mesmo que não tenha parado. O futebol é uma festa e você pode celebrar quando está bem, mas quando não está, não deve haver festa. É a coisa mais importante entre as coisas menos importantes da vida. Mas, como eu disse, somos empregados, não somos quem manda.”

Sobre a gestão da tragédia provocada pela DANA
“Não posso opinar sobre isso, só posso tentar fazer o máximo para ajudar. O povo está frustrado e isso é normal, mas não estou aqui para avaliar o que os políticos fizeram. Não tenho recursos para isso, só sinto tristeza ao ver tantas pessoas afetadas dessa forma. É difícil pensar nisso em 2024, com toda a informação que temos. Você pode saber a hora exata em que vai chover e, ainda assim, não conseguimos resolver esse tipo de tragédia.”

Reação da população
“Nunca vi algo assim. Me informei e é uma catástrofe incrível. As pessoas estão ajudando muito, e é o que cada cidadão deve fazer: acordar e tentar fazer o possível para ajudar os afetados.”

Sobre a Bola de Ouro
“Já passou, temos que parabenizar todos os premiados e nada mais. Minha Bola de Ouro foi atribuída a mim no dia 1º de junho, quando ganhamos a Copa da Europa. Foi uma semana difícil porque o ambiente não é o normal. Mas não estamos tristes por isso, o ambiente está diferente pelo que está acontecendo na Espanha.”

Vini Jr.
“Ele está triste, assim como todos nós. Estamos cientes do que está acontecendo. Infelizmente, tivemos mais tempo para preparar este jogo e, nesse sentido, ele treinou bem, como todos. Ele está triste, mas não por não ter ganhado a Bola de Ouro.”

Que avaliação política faz?
“A política é um tema muito complicado, não só na Espanha, mas em todos os países. Não sei qual é a culpa dos políticos neste caso, mas entendo a frustração das pessoas que perderam tudo. É compreensível.”

Acatar decisões externas
“O poder que temos é igual a zero. Não podemos tomar nenhum tipo de decisão. Todos os treinadores tinham a mesma ideia de não jogar. Alguns jogaram e o fizeram sem vontade. Não sou a pessoa certa para opinar. Há uma frase que diz que o espetáculo deve continuar, mas não é assim. Às vezes, decisões são tomadas e temos que fazer coisas que não queremos fazer.”